Lula sinaliza abertura a negociações sobre minerais, mas frisa "soberania"
Presidente disse que transformação do minério explorado no Brasil em produtos com maior valor agregado deve ocorrer "aqui"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a riqueza mineral brasileira deve ser tratada como uma questão de "soberania nacional", o que não impede que o Brasil "vá negociar com outros países no mundo".
"O que queremos é o seguinte: não vamos permitir o que aconteceu no século passado, em que o Brasil exporta minério e compra produtos com valor agregado muito alto", afirmou em entrevista à agência de notícias Reuters nesta quarta (6).
"Queremos que tenha valor agregado aqui no Brasil", acrescentou.
Segundo Lula, "é preciso muito cuidado" com os minerais, para "não repetir o que ocorre com o minério de ferro".
"Não vamos nos fechar numa copa e dizer 'é meu'. Queremos que aquilo se transforme em uma riqueza para a humanidade, sob os auspícios do Brasil", frisou.
"O que não queremos é ficar um buraco no Brasil e a riqueza em outros países. Queremos que a riqueza seja transformada aqui", declarou.
Criação de comissão e controle do governo
No fim do mês de julho, Lula havia afirmado que os minerais críticos do Brasil ficariam sob controle do governo. O chefe do Executivo também anunciou a criação de uma comissão voltada para o mapeamento das riquezas naturais presentes no país.
"Esses dias eu li uma matéria que os Estados Unidos têm interesse nos minerais críticos do Brasil. Ora, se eu nem conheço esse mineral e ele já é crítico, eu vou pegar pra mim, por que eu vou deixar pra outro pegar?", afirmou Lula.
Os EUA também isentaram 75% dos minérios exportados pelo Brasil no “tarifaço” anunciado pelo governo de Donald Trump.
Como mostrou a CNN, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve levar acordo de cooperação com EUA sobre os minerais críticos e terras raras.
Minerais terras raras
Terras raras são 17 elementos metálicos da tabela periódica compostos por escândio, ítrio e os lantanídeos.
Apesar do nome, são mais abundantes que o ouro, mas são difíceis e caros de extrair e processar, além de causarem danos ambientais.
As terras raras são onipresentes nas tecnologias como smartphones até turbinas eólicas, luzes LED e TVs de tela plana, além de para baterias de veículos elétricos, aparelhos de ressonância magnética e tratamentos contra o câncer.